domingo, agosto 17, 2008

Ele vivia passando por ali. Todo dia as 7 e 15 ele entrava, pedia um com leite e outro sem, comia um biscoitinho que era cortesia e dizia de olhos fechados : Hmmmm, nunca me canso desses. E ia embora, sem nunca olhar para mim. Quando estava na esquina olhava pra traz, e eu tinha impressão que esboçava um sorriso. Todo dia assim, sem nunca mudar o roteiro. Foi aí que uma manhã ele fez tudo errado. Chegou as 8 por ali, pediu só o sem leite, sentou em uma mesa e me olhou. Não foi embora, nem comeu biscoito, ao invés disso ele me chamou . "moça? será que você poderia me acompanhar?" Olhei em volta , e estava vazio. Como era sábado era provavel que ficasse vazio até a hora do almoço, então eu fui. Nã falei nada, só sentei ali e fiquei esperando. "Eu não queria, não queria mesmo, mas ela me pediu, então eu fiz. E agora ele esta lá. Bem longe; onde não vo vê-lo tão cedo. Foi pra fora sabe? Ela dizia que vai ser bom , que ele vai estudar melhor. Mas eu não acho isso. Sou mesmo um fraco". O que a gente deve dizer para um estanho que vem desabafar com a gente? Quer dizer, eu não fazia idéia do que ele estava falando, e mesmo que eu tivesse conseguido entender alguma coisa nada dito de um estranho vai te ajudar, então por que eu não levantei e fui para traz foi balcão denovo? Resolvi arriscar : "Logo ele volta". Ele parou e me olhou denovo :" mas sera que vai me perdoar?". Pensei que ele falava do filho e da mulher rabugenta que quis se livrar do pestinha, então eu disse que os filhos perdoam sempre. Acho que ele cncordou, por que sorriu satisfeito, foi levantando e não me olhou mais.
"hmmm desses eu nunca canso, obrigada". Eu sempre gostava do barulho daqueles sininhos que ficam na porta.

Um comentário:

Unknown disse...

Muuuuuito bom, Romã!